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Artigo de Imprensa / May 28, 2021

Não nos podemos dar por satisfeitos com o crescimento que temos” na indústria farmacêutica

Jornal Económico, 28 maio 2021

A indústria farmacêutica tem crescido em Portugal, duplicou as exportações numa década e investe mais na investigação, mas o secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, diz que é necessária maior ambição. Em entrevista, que pode ver na íntegra na JE TV, diz que há oportunidades a aproveitar, pelo novo enquadramento pós-pandemia e pelos recursos que Portugal terá disponíveis.

 

Os empresários da saúde e da indústria farmacêutica queixam-se de que o sector nem sempre vê reconhecido o seu papel na economia e que é encarado mais pela função social. Como é que o Ministério da Economia olha para este sector?

A indústria do medicamento tem, evidentemente, uma dimensão económica que é inegável. Representa uma atividade muito relevante do ponto de vista da geração de emprego, qualificado, e da criação de produto, e, nesse sentido, é um sector económico como os outros. Mas temos claro que o medicamento é um bem com características especiais, é um bem com valor reforçado, que responde a necessidades básicas das pessoas e das sociedades. Essa dimensão social que está associada àquilo que é o produto da atividade económica do sector do medicamento é, também, inegável.

Tem de se olhar para estar articulação entre a dimensão económica e a dimensão social, com os valores em que em cada uma das diferentes áreas devemos ter em atenção.

Não há contradição entre essa dimensão social, que resulta de uma atividade económica.

 

O que mudou nestes sectores e que ensinamentos podemos guardar deste período de pandemia?

Esta crise vem colocar desafios novos, não apenas em Portugal, mas também à União Europeia (UE), naquilo que é uma perceção sobre cadeias longas de produção com dificuldades de ajustamento em função de crises muito expressivas – que pode ser uma pandemia, mas também o [acidente no] Canal do Suez, uma guerra localizada ou um terramoto – e deve levar-nos a pensar.

Coloca-nos o desafio de encontramos um equilíbrio entre a dimensão da globalização, da abertura dos mercados e da inter-relação entre atores à escala global. Para Portugal isto é bom, porque, como temos um mercado interno muito pequeno, não faz sentido pensar numa autarcia que pudesse sustentar o nosso desenvolvimento económico.

Também é bom termos a consciência de que não podemos ser ingénuos, do ponto de vista daquilo que é o jogo de forças à escala global. Não apenas Portugal, mas a UE. Há aqui uma dimensão de ajustamento que, evidentemente, temos de fazer.

 

Falou-se muito na necessidade de reindustrialização da Europa. Há a possibilidade de, no caso de Portugal, esta ideia passar também por sectores como a saúde e a indústria farmacêutica?

Sim, julgo que sim. Nós podemos não ter um sector com uma dimensão muito grande, evidentemente, mas temos uma taxa de penetração daquilo que é a atividade económica centrada nas diferentes áreas do medicamento, desde os princípios ativos até ao fim da cadeia [de valor], com menor expressão do que a que existe noutros países europeus e há aqui um caminho que pode ser feito. Temos muito boas empresas, competitivas, como a Hovione, na área da produção de princípios ativos, que é uma empresa de reconhecida capacidade a nível global e é uma das poucas que subsiste com centros de produção na Europa e em Portugal, em concreto. Esta é uma das áreas onde ficou mais à vista a questão das cadeias [de abastecimento longas] e da localização das produções com dificuldades.

Há espaço para, de forma mais equilibrada, termos condições de uma maior presença em diferentes atividades. A UE tem dificuldades na produção com base em biotecnologia, portanto, há um espaço de intervenção muito alargado nessa dimensão. Estamos mais atrasados do que os Estados Unidos e era muito interessante que à volta também da reorientação a que se está a assistir entre produtos de base química e em biotecnologia termos na Europa e em Portugal um espaço de investimento e de intervenção mais significativo.

São produtos em que o cruzamento entre os centros do saber em Portugal, que são bons em algumas áreas e o ponto vista empresarial pode ser feito. Dou um exemplo: o iBET [Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica] participou na conceção de base da vacina da Moderna [da Covid-19]. Portanto, nós não estamos fora do radar das atividades, precisamos é de ter maior massa crítica, maior presença dessas pequenas coisas que vamos fazendo e que não têm a dimensão crítica que é necessária.

 

Portugal pode captar investimento direto estrangeiro nestas áreas. É esse o caminho, mais do que o crescimento orgânico deste ecossistema?

Estamos a assistir a isso pelas duas vias. Estamos a assistir a investimentos significativos das empresas de capital nacional, já presentes no ecossistema, e, também, das empresas que já estão presentes em Portugal e que são de capitais internacionais. Está a haver uma diversidade de investimentos. Julgo que está muito associada, por um lado, a alguma mão de obra qualificada de que dispomos, [mas também] a estabilidade do ponto de vista daquilo que são as condições de presença em Portugal.

Há aqui algumas condições para podermos fazer evoluir diferentes áreas deste ecossistema, quer nas fases mais associadas à produção de conhecimento, quer naquelas que depois têm que ver com o valor económico que lhes está associado.

 

Esta é uma área muito dependente da inovação e os números mostram que o investimento em investigação e desenvolvimento tem aumentado. Disse que somos ainda um sector pequeno, mas já consegue ser relevante internacionalmente na investigação?

Sim, em algumas áreas muito específicas. Referi a questão do iBET e da Genibet, que são exemplos muito significativos, mas há outros pequenos centros na área da investigação, nomeadamente associado aos tumores, em que temos uma presença significativa; também temos um centro muito interessante em Coimbra, à volta das questões da visão. Portanto, em áreas relativamente específicas, temos relevância, do ponto de vista da produção de conhecimento, e somos atores reconhecidos ao nível internacional, mesmo que sejamos pequenos. E é esse o mote principal – temos um investimento que está a crescer em I&D [investigação & desenvolvimento], do lado empresarial sobretudo, com alguma dificuldade do lado púbico, mas há espaço para crescer e nós não nos podemos dar por satisfeitos com este crescimento que temos, porque, em termos percentuais, temos um valor de investimento inferior à média da União Europeia e não temos condições tão distintas assim dos outros países, nomeadamente com a dimensão do nosso. Portanto, há aqui um espaço de oportunidade. Muitas vezes se diz que é porque o nosso mercado interno é pequeno ou porque os preços dos produtos em mercado são relativamente baixos, isso tudo é verdade, mas não explica a situação. Também temos outros países, como a República Checa, a Bélgica, em que os níveis dos preços ainda são mais baixos do que a média em Portugal e o número de ensaios clínicos é muitíssimo superior, em média, face à população. Nós temos até um sistema interessante – um protocolo entre a APIFARMA e as autoridades públicas –, que confere algumas vantagens a quem faz investimento em I&D em Portugal versus as contribuições que têm de ser pagas pela indústria.

As coisas estão a acontecer, mas estão a acontecer a um ritmo que ainda não é aquele que nós desejaríamos.

 

Apontou que temos alguma capacidade que podemos explorar. Notamos nas exportações na área da saúde, que na última década duplicaram. O que é que mudou para que tivéssemos esta evolução?

Basicamente, mudou o nível de investimento das empresas. Ao mesmo tempo que há essa progressão que é a duplicação do valor das exportações na última década, temos assistido a um crescente nível de investimento das empresas. Digamos que a melhoria das condições ao nível da produção de algumas empresas e alguma especialização naquilo que são as capacidades produtivas que temos – e isto é feito com uma mistura entre empresas de base nacional e de base internacional que aqui se localizaram – é que permitiu essa mudança e esse crescimento. Mas também aí temos de ter mais ambição.

Dou muito valor àquilo que é a evolução das exportações, mas nós ainda temos um défice comercial muito significativo na área dos medicamentos, ao contrário da generalidade dos países da UE. Apesar de termos, também, em muitos países, uma dimensão da capacidade de produção não tão elevada quanto isso, normalmente têm balanças comerciais que são equilibradas ou excedentárias. Isso não acontece em Portugal; os últimos números, de 2016, apontam para 1,6 mil milhões de euros de défice comercial, o que é significativo, face à dimensão do nosso mercado. E com algum crescimento das importações, o que é natural. O nosso sistema de saúde é bom; apesar de tudo, os resultados que nós obtemos em saúde são bons e o acesso, que às vezes é muito criticado pelos operadores do mercado, poderia ser mais facilitado, mas não é assim tão restritivo. É por isso que as importações aumentam, sobretudo nos produtos mais recentes, com impacto em doenças que ainda não têm resposta.

 

Veja a entrevista na integra em jornaleconomico.sapo.pt

 

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Lisboa, Portugal: A Hovione, a CDMO farmacêutica especializada e integrada e líder em spray drying e engenharia de partículas, anunciou hoje o seu compromisso em estabelecer Science-Based Targets (SBTs) em linha com o Acordo de Paris. Este passo ambicioso sublinha a dedicação da empresa em lidar com as alterações climáticas e impulsionar a sustentabilidade nas suas operações. Ao comprometer-se com os SBTs, a Hovione junta-se a um número crescente de empresas que tomam medidas concretas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Esta iniciativa alinha-se com a estratégia de sustentabilidade mais alargada da empresa e reforça o seu compromisso com a excelência científica. “Na Hovione, acreditamos na ciência e nas melhores práticas.  E isto aplica-se claramente à nossa agenda de sustentabilidade”, disse Jean-Luc Herbeaux, CEO da Hovione. Tomámos a decisão de reduzir as nossas emissões de GEE utilizando um processo de definição de objectivos com base científica, que nos ajudará a promover a sustentabilidade nas nossas operações, estabelecendo um caminho claramente definido para reduzir as emissões em conformidade com os objetivos do Acordo de Paris. Acreditamos que, ao definir objetivos ambiciosos e implementar ações concretas, podemos ter um impacto positivo no planeta, ao mesmo tempo que impulsionamos inovação e crescimento.” A Hovione trabalhará em estreita colaboração com a iniciativa Science Based Targets (SBTi) para desenvolver e validar os seus objetivos de redução de emissões. A empresa fornecerá atualizações regulares sobre o seu progresso no sentido de atingir estes objetivos. Como parte do seu compromisso com a sustentabilidade e transparência para com os stakeholders, a empresa irá melhorar a sua classificação Ecovadis. A Ecovadis, uma plataforma de avaliação de sustentabilidade líder na indústria farmacêutica, fornece uma avaliação abrangente do desempenho ambiental, social e ético de uma empresa, bem alinhada com as ambições de sustentabilidade da Hovione. A Hovione continua empenhada em atuar de forma responsável e contribuir positivamente para a sociedade e o ambiente. A empresa continuará a implementar práticas sustentáveis nas suas operações e a inovar para melhorar ainda mais a sua classificação de sustentabilidade.    Saiba mais sobre a iniciativa Science-Based Targets (SBTs)  

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Hovione compromete-se com as Science-Based Targets para as emissões de gases com efeito de estufa (GEE)

Sep 09, 2024

A Hovione construiu e ofereceu ao município de Loures o Parque Verde de Sete Casas, com dois hectares. A cerimónia de entrega decorreu no dia 20 de junho, na presença do vereador da Câmara Municipal de Loures, Nelson Batista e do CEO da empresa, Jean-Luc Herbeaux. Na fotografia da esquerda para a direita: Nelson Batista, vereador da Câmara Municipal de Loures, Jean-Luc Herbeaux, do CEO da Hovione.   Desenhado a pensar na população residente vizinha às instalações da empresa, o novo espaço oferece condições privilegiadas para a prática de atividades de lazer e desporto ao ar livre, sendo um contributo para a promoção da qualidade de vida que serve os munícipes de todas as faixas etárias. O espaço, no qual foram investidos 550 mil euros, inclui percursos pedonais, um circuito de manutenção, equipamento infantil, anfiteatro natural, zonas de lazer e merenda, bem como três hotéis para acolher abelhas, joaninhas e borboletas. Na construção foram plantadas mais de 200 árvores de diferentes espécies e transplantadas mais de 30 oliveiras, que se somaram aos sobreiros e pinheiros existentes no espaço. O novo Parque Sete Casas é vizinho às instalações da Hovione, construídas em 1969. Desde então a Hovione tem vindo sempre a reforçar os laços com a comunidade, promovendo diversas iniciativas de encontro e apoiando instituições locais ligadas à educação, ciência, cultura e desporto.   A Hovione é uma empresa global com fábricas em Portugal, EUA, Irlanda e Macau e tem escritórios no Japão, Suíça, Hong Kong e Índia e uma presença crescente na China continental. Após um período de crescimento contínuo, a empresa emprega agora mais de 2.400 pessoas, incluindo 300 investigadores, que produzem todos os dias medicamentos inovadores que são essenciais para a vida e a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo. "Loures representa o berço da Hovione. Esta ligação histórica ao munícipio e o compromisso da empresa nas áreas do ambiente e de responsabilidade social materializam-se neste espaço de recreio e lazer que beneficiará toda a população local”, salienta Jean-Luc Herbeaux, CEO da Hovione. “É uma honra para a Câmara Municipal de Loures contar com a Hovione no seu território: por serem um motor de desenvolvimento, pelo envolvimento com a comunidade e pela responsabilidade social. A promoção do Parque Verde de Sete Casas possibilita ser uma referência para o ambiente, recreio e lazer com grande valia para a população”, refere Nelson Batista, vereador da Câmara Municipal de Loures.   Sobre a Hovione Fundada em 1959, a multinacional Hovione tem hoje laboratórios e fábricas em Portugal, na Irlanda, em Macau e nos Estados Unidos da América. A Hovione tem uma oferta integrada de productos e serviços de desenvolvimento e produção de princípio ativos e formulação para a indústria farmacêutica mundial. Com sede em Loures, a empresa emprega cerca de 2400 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 1700 em Portugal. A Hovione é o maior empregador privado de doutorados em Portugal - www.hovione.com     

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Hovione oferece Parque Verde ao município de Loures

Jun 25, 2024

Lisboa, 19 de junho de 2024  – A Hovione, empresa que presta serviços de desenvolvimento e produção à indústria farmacêutica e líder global na tecnologia de spray drying e em engenharia de partículas recebeu no seu centro de I&D, no Lumiar, Luís Pratas Guerreiro, presidente do IAPMEI, para a inauguração da nova linha de Produção em Contínuo (Continuous Tableting – CT). A Produção em Contínuo é um processo farmacêutico inovador de fabrico de comprimidos. Enquanto no processo tradicional os comprimidos são produzidos em etapas, no caso da Produção em Contínuo todos os estágios – da mistura de ingredientes à prensagem dos comprimidos – sucede num fluxo único e ininterrupto. Este método assegura a eficiência ao reduzir o tempo de produção e minimizar o desperdício. A qualidade é garantida através de monitorização e ajustes automáticos em tempo real. A nova linha de I&D é o resultado de uma parceria com a GEA, empresa líder global em tecnologia de processos para a indústria farmacêutica. A nova linha é a única no género no mundo e replica os componentes mais críticos da linha de fabrico comercial de larga escala da Hovione, a operar em Loures. O equipamento agora instalado no laboratório do Lumiar será utilizado pelos cientistas da Hovione para otimizar as condições de produção de comprimidos, tendo em vista o aumento de escala na produção de medicamentos para os seus clientes, utilizando quantidades mínimas de ingredientes farmacêuticos. "O campus do IAPMEI, no Lumiar, é a sede de várias empresas pioneiras que contribuem para o crescimento económico do país. A decisão da Hovione de instalar aqui este equipamento altamente inovador mostra que o campus é um local atrativo para empresas baseadas em I&D que desenvolvem e investem em tecnologias de ponta", diz Luís Filipe Pratas Guerreiro, presidente do IPAMEI. "Com este investimento em Portugal, a Hovione está a contribuir para estabelecer um novo padrão de excelência no fabrico de produtos farmacêuticos a nível mundial, o que está em linha com o objetivo do IAPMEI de impulsionar a inovação tecnológica e melhorar a eficiência industrial." "A Hovione foi fundada em Portugal há mais de 65 anos e, desde sempre, o nosso caminho para nos tornarmos uma empresa verdadeiramente internacional tem sido impulsionado pela ciência e inovação", diz Jean-Luc Herbeaux. "Somos reconhecidos como o líder mundial em spray drying farmacêutico e estamos a desenvolver a mesma posição de liderança na Produção em Contínuo, uma tecnologia que contribui para acelerar o lançamento de medicamentos, minimizando o consumo de ingredientes ativos dispendiosos na fase de desenvolvimento.  Optámos por instalar a esta nova linha de nas nossas instalações no campus do IAPMEI no Lumiar, que, nos últimos 12 anos, tem proporcionado um ambiente excelente e altamente motivador para os nossos mais de 200 investigadores."   Sobre a Hovione Fundada em 1959, a multinacional Hovione tem hoje laboratórios e fábricas em Portugal, na Irlanda, em Macau e nos Estados Unidos da América. A Hovione tem uma oferta integrada de productos e serviços de desenvolvimento e produção de princípio ativos e formulação para a indústria farmacêutica mundial. Com sede em Loures, a empresa emprega cerca de 2400 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 1700 em Portugal. A Hovione é o maior empregador privado de doutorados em Portugal - www.hovione.com      Saiba mais sobre a Produção em Contínuo (Continuous Tableting – CT) Saiba mais sobre o centro de I&D da Hovione Lumiar    

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Presidente do IAPMEI inaugura nova linha de produção em contínuo da Hovione

Jun 19, 2024