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Podemos começar por saber o que é o Programa 9ºW? O Programa 9ºW é um desafio que a Hovione lançou em 2016 a instituições académicas portuguesas para resolvermos juntos problemas específicos que a empresa, por si só, não conseguia resolver. 9ºW é a longitude de Lisboa e o nome foi inspirado no Prémio Longitude atribuído no século XVIII pelo governo britânico a quem resolvesse um dos maiores desafios da época: como determinar a longitude de uma embarcação em alto mar? O Programa 9ºW da Hovione concedeu cinco milhões de euros para três projetos académicos. Quais foram os projetos abrangidos? Porquê? Antes de lançarmos o programa identificámos as maiores dificuldades que queríamos superar a curto e a médio prazo. Destas, selecionámos três que deram origem aos projetos do programa. O primeiro consiste no desenvolvimento de um método de secagem que queremos que seja muito mais eficiente do que aqueles que usamos e dos que encontramos no mercado. Este é um passo importante na estratégica mais global que queremos implementar. O segundo projeto visa a formação profissional de técnicos de laboratórios analíticos que não conseguimos encontrar no mercado de trabalho. Por último, precisávamos de conhecimento para implementar a transformação digital nos nossos laboratórios tendo em conta a forte intensificação de trabalho que previmos venha a acontecer. No primeiro projeto colaborámos com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; no segundo com um consórcio liderado pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa; já o terceiro foi atribuído a um consórcio entre o Instituto Superior Técnico e a Universidade do Minho.   O Programa 9ºW tem a duração de três anos (2017-2020). 18 meses depois qual é o balanço? Ainda é cedo para um balanço global pois estamos a meio do programa. De qualquer forma, a avaliação intermédia é positiva. Temos um conceito novo para a secagem que, à escala laboratorial, demonstrou ter a eficácia desejada e estamos neste momento a escrever a patente e a elaborar um plano que nos permita ter uma unidade industrial em 2021. Das seis edições de formação de analistas previstas concluímos as duas primeiras, formando 24 analistas químicos; destes 50% foram recrutados para a Hovione, o que contribui para uma taxa de empregabilidade destes formandos acima de 75%. O projeto de transformação digital também está a progredir bem. Testámos com sucesso os modelos matemáticos de escalonamento de atividades, decidimos sobre as soluções de automação e estamos a criar a estrutura para bases de dados sobre as quais poderemos aplicar "machine learning". A Hovione formou parceria com instituições de ensino para a criação de um curso de analistas químicos, sendo o consórcio de instituições liderado pelo ISEL. Que desafios obrigaram a Hovione a criar o Programa 9ºW, a promover o curso e a financiar a construção do PharmaLab no ISEL? O desafio na criação do programa era criar analistas químicos com os conhecimentos necessários, suficientes e específicos da indústria farmacêutica. Em Portugal, onde a indústria farmacêutica é de reduzida dimensão, não conseguíamos recrutar técnicos em número suficiente para apoiar o nosso crescimento nesta área. Constatámos que competíamos pelos mesmos escassos recursos com a indústria local e que, muitas vezes, éramos forçados a contratar recursos subqualificados ou sobre-qualificados, o que exigia um esforço tremendo de formação interna ou gerava problemas de gestão de expectativas a médio prazo. Precisávamos, portanto, de uma solução sustentável para as nossas necessidades e, juntamente com o ISEL, desenhámos um projeto para superar estas carências. Combinámos os conhecimentos técnicos, a capacidade do ISEL de captar candidatos com o perfil desejado e a necessidade de criar um espaço laboratorial no ISEL que fosse uma réplica fidedigna dos laboratórios de controlo analítico da indústria farmacêutica, equipado com as tecnologias mais relevantes e gerido pelos mesmos padrões de qualidade, exigência e ética que promovemos na Hovione. O PharmaLab foi construído com este conceito, num espaço e com recursos disponibilizados pelo ISEL. Foi um investimento grande e que queremos continuar a dinamizar pois quem passa pelo PharmaLab entra na Hovione já com capacidade de fazer bom trabalho. Quais são as mais-valias da parceria entre a Hovione e o ISEL? E qual é, na sua ótica, o potencial e o contributo deste instituto para o ensino superior e para o país? As mais-valias são a conjunção de um conhecimento profundo das práticas e dos conhecimentos da indústria farmacêutica com o método e as instalações de ensino de um instituto superior. Estes cursos profissionais desenhados à medida das necessidades específicas da indústria local têm elevados graus de empregabilidade, contribuindo, desde logo, para a evolução social e económica do país. O PharmaLab faz muito mais que dar competências, cria as condições para que os seus estudantes possam construir uma carreira. Trata-se de uma profissão na qual a perícia é valorizada e na qual o trabalho tem o efeito direto de melhorar a saúde dos pacientes. Com o Programa 9ºW, lançado em Setembro de 2016, a Hovione propôs-se trabalhar em parceria com Instituições Académicas, ao longo de três anos, para desenvolver projetos inovadores, relevantes que respondam às atuais e futuras necessidades das empresas. Quais são as expectativas? A expectativa principal é resolvermos os desafios a que nos propusemos em 2016. Para além disso, a interação próxima com as instituições académicas cria fortes relações que abrem outras oportunidades de colaboração e que nos permitem progredir no nosso processo de diferenciação através da inovação e do conhecimento. As nossas universidades e instituições académicas são muito boas. Achamos que colaborar com estas em problemas complexos e de aplicação prática é muito motivante para os jovens. Temos cerca de 30 estudantes de doutoramento e mestrado a fazer a sua investigação na Hovione e a desenvolver conhecimento, o que, a prazo, vai resolver problemas concretos. Saber que o seu esforço e capacidade intelectual permitirão, a breve trecho, que um medicamento seja lançado e cure uma doença é algo de muitíssimo motivador. Leia o artigo completo  

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Hovione desafia a academia com o Programa 9ºw

May 26, 2019

A vida da portuguesa Diane Villax é também a da farmacêutica Hovione, fundada há 60 anos. E parte de uma saga familiar que começa nas margens do rio Zambeze e mete refugiados húngaros, bailes com a rainha de Inglaterra e negócios na China   A história de Diane Villax é daquelas que se contam sozinhas, sem ser preciso acrescentar-lhe pós de perlimpimpim. A menina que cresceu a ler e a amar biografias protagonizaria facilmente um livro, percebe-se ao fim de pouco tempo de entrevista. Com o bónus de a sua vida trazer mais umas quantas histórias de pessoas com quem se foi cruzando ao longo dos seus 84 anos, e de grande parte dela coincidir com a da empresa farmacêutica que ajudou a fundar aos 24. E esse livro poderia começar assim: “Diane nunca mais se esqueceu do conselho da sua avó Blanche.” A luso-inglesa Blanche Laura du Boulay mudara-se para Lisboa ao ficar viúva pela segunda vez, em meados dos anos 40, passando a morar com a nora Isabel e a neta Diane, no lindíssimo Pátio do Pimenta, ao Chiado. Em 1948, com a libra a desvalorizar-se 20% relativamente ao escudo, ofereceu-se para ajudar na loja de decoração de um conhecido, a Renaissance, na vizinha Rua das Chagas. Pertencia à alta sociedade, mas não lhe caíam os parentes na lama por procurar emprego. Não era a primeira vez que trabalhava. Em 1919, tendo ficado viúva com três crianças a seu cargo, Blanche decidira ganhar autonomia indo para a loja Maples, aprender a decorar casas. Quase trinta anos depois, há de demorar pouco tempo até tomar conta da Renaissance, encarregando-se em remote control do Reid’s Hotel, na Madeira, e de vários apartamentos de ricaços, em Nova Iorque. “Tinha muito bom gosto, tinha olho”, recorda a neta. Em 1952, ao ver que Diane chegara aos 17 anos sem qualquer formação, a avó, pragmática, dá-lhe um conselho fundamental: “Você tem de estar preparada para a sua vida, deve precaver-se.” E é assim que Diane parte rumo a Inglaterra, onde vivera até aos 9 anos, para fazer um curso intensivo de estenografia, contabilidade e datilografia, seguido de um estágio. No ano seguinte, é também lá que irá debutar, numa temporada particularmente importante porque Isabel II fora coroada rainha, presidindo, por isso, a muitos dos bailes.     Por esta altura, Diane já está habituada a ambientes formais. Blanche gosta de receber e dá cocktails para cinquenta pessoas, que muitas vezes ficam para jantar. Quanto a ela, deve aparecer bem vestida e saber fazer conversa, mas apesar de ter sido “muito bem educada e pouco instruída”, não é o estereótipo da menina de sociedade oca. Lê muito, por influência da avó, quase sempre ficção histórica ou biografias de militares, então na moda. Diane tem 19 anos quando Blanche, sempre Blanche, lhe arranja o seu primeiro emprego, numa empresa que se dedica à importação. Trabalha no duro, manhãs de sábado incluídas, e não se limita a traduzir a papelada que entra e sai do escritório de Mr. Crocker – vão ser três anos a aprender tudo o que precisará na sua vida profissional futura “e a ganhar um balúrdio”, ri-se hoje. As amigas invejam-na, acham-se inúteis porque a maioria está proibida pelos pais de trabalhar. Sorte a dela que a avó leva a sério o seu futuro. “Éramos geridas”, conta. “Eu, até dizer ‘Quero casar-me com o Ivan’, nunca tomei uma decisão na vida.” Ivan Émeric Villax. Mais velho dez anos, o húngaro é um engenheiro químico brilhante, um homem fascinante, com a cabeça sempre cheia de ideias inovadoras. O seu pai, Ödon Villax, um cientista perito em genética de plantas, optara por sair do país quando lhe aconselharam a manter a cabeça baixa a seguir às primeiras eleições depois da Segunda Guerra Mundial. Ainda não havia a Cortina de Ferro, mas pais e filhos viajaram pela calada da noite, pouco depois de Ivan se licenciar, em 1948. E, quando estavam num campo para pessoas deslocadas, em Salzburgo, Áustria, Ödon é convidado pela Secretaria de Estado da Agricultura portuguesa a criar um centro de investigação em Elvas. Ivan (1925-2003) gostava de dizer que deixara a Hungria com uma escova de dentes num bolso, o diploma no outro e os russos no seu encalço. De Salzburgo seguira para França, onde trabalhou no Centro de Investigações Agronómicas de Clermont-Ferrand, até que, no Natal de 1951, os pais o convencem a oferecer os seus serviços em Portugal. O engenheiro é logo contratado pelo Instituto Pasteur de Lisboa, então um importante laboratório farmacêutico, trazendo na bagagem experiência na área dos antibióticos. Os dois conhecem-se em casa de uma amiga comum, e não tardará muito até Diane de Lancastre Houssemayne du Boulay passar legalmente a Diane Villax. Três meses antes do casamento, marcado para fevereiro de 1958, despede-se para preparar a festa e o enxoval, com grande pena de Mr. Crocker. “Diga ao seu noivo que tenho duas pistolas”, avisa o patrão que, uns anos mais tarde, irá brincar: “I worked for her” (trabalhei para ela). Diane já na altura era mandona – se os colegas não respondiam atempadamente às cartas, ia pedir-lhes explicações. Mas era sobretudo – e continua a ser – rigorosa e exigente. Fora educada por uma mulher vitoriana e nada meiga, a verdadeira matriarca que tudo punha e dispunha na família. E não passara incólume à Segunda Guerra Mundial. Como o seu pai, Neville “Barney” Houssemayne du Boulay, era militar, cresce a saltitar entre colégios. “As crianças tinham de se arrumar”, ironiza.   EDUCADA PARA SER MANSINHA Os anos de guerra marcam-na muito. “Os jesuítas dizem: ‘Deem-me uma criança até aos 7 anos e fica formada’, e têm razão”, sabe hoje. Toda a gente tinha mapas na parede com os avanços e os recuos dos Aliados, ela não perdia um noticiário e, a certa altura, já lia os jornais. “Aqueles anos formaram-me, e depois os anos com a minha avó continuaram essa formação.” Nascida em Lisboa, em janeiro de 1935, Diane tinha ido com um ano para Inglaterra, onde pouco depois nascia um irmão. Antes da guerra, “Barney” viajava com frequência para África e Isabel morava com os filhos em casa do avô dele, pai de Blanche, uma casa lindíssima, porque John Peter “Pitt” Hornung já era muito rico. Filho de imigrantes da Transilvânia, “Pitt” casara-se com a portuguesa Laura de Paiva Raposo, cujo pai detinha vários “prazos da Coroa” na Zambézia, uma província no Centro de Moçambique. Em conjunto com um pequeno grupo de investidores, explorou extensas propriedades de cana-de-açúcar, passando de empresário falido a dono de um império. No final do século XIX era, então, criada a Companhia do Açúcar de Moçambique, mais tarde dona da Refinaria Colonial, em Lisboa, antecessora da Sidul. “Pitt” ainda assiste ao início da guerra, morrendo em 1940. Dois anos depois, Diane vai para um colégio interno, o primeiro de vários, e, quando os pais se separam e a mãe regressa a Portugal, a avó passa a recebê-la ao fim de semana e nas férias. Será por pouco tempo. Em agosto de 1944, o segundo marido de Blanche está tão doente que Diane é recambiada para Lisboa. Recambiada. Foi assim que se sentiu naquele verão em que chegou à capital portuguesa, direta para o colégio interno de umas freiras belgas, no palácio que é hoje o Museu do Traje. Diane não fala francês nem português, sente-se infelicíssima e só quer voltar para Inglaterra. Tantos bilhetinhos envia à mãe que em janeiro entra para o Ramalhão, em Sintra, mais um colégio religioso, desta vez de dominicanas. Seis anos no Ramalhão dão-lhe segurança, mas, olhando para trás tem pena do pouco que aprendeu. “Exigia-se pouco, não fiz um único exame, nem da quarta classe. As meninas eram educadas para serem donas de casa e mansinhas.” Salvam-na os dois anos seguintes, em que frequenta a antiga Escola Francesa de Lisboa (hoje Liceu Francês), então no Pátio do Tijolo. Foi aí que se “abriu a maravilha do conhecimento”, diz hoje. Francês, História, Matemática... – não houve nada que não lhe quisessem ensinar e ela aprender. É após a Escola Francesa que Diane segue o conselho da avó e tira o curso que lhe há de permitir ter uma profissão. Quando casa com Ivan Villax, havia passado três anos exatos na empresa de Mr. Crocker, adorava o que fazia e o facto de ganhar o seu dinheiro, mas nem lhe passou pela cabeça que o trabalho lhe iria fazer falta.   A verdade é que nos primeiros anos não teve tempo para pensar nisso – foi mãe nove meses depois de se casar, e quando Guy tinha quatro meses apareceram dois refugiados húngaros (Nicholas de Horthy e Andrew Onody) a desafiar o marido a fundar uma empresa. Horthy era filho do regente da Hungria e um antigo conhecimento de Ivan. Ele e o amigo propunham uma joint venture com uma empresa italiana, também pertencente a húngaros, que fabricava antibióticos. Naquela altura, em Itália não havia, por princípio, patentes de produtos farmacêuticos, mas não era possível exportá-los. Ora, Ivan tinha patentes de invenção e, por isso, entrou com 14% do capital, o valor da propriedade intelectual. A CAVE NA LAPA A 8 de abril de 1959 nasce, então, a Hovione. Como Ivan ainda trabalha no Instituto Pasteur, a sociedade é celebrada entre Horthy, Onody e Diane, entrando cada um com 35 contos. Diane vende 500 ações da empresa criada pelo seu bisavô “Pitt”, sendo esse o único dinheiro que alguma vez meterá na Hovione. E Ivan junta-se oficialmente em 1960. Ivan tem um contrato muito interessante com o Pasteur: ao fim de seis meses, o instituto perde a patente para o resto do mundo (mantém apenas para Portugal e colónias). O engenheiro químico está, por isso, livre para montar um laboratório e começar a laborar, coisa que faz inicialmente num quintal, nas Avenidas Novas. Com a ajuda de um rapaz vindo do Pasteur e uns panelões comprados no Braz & Braz, fabrica o produto que exporta para Espanha, Itália e Grécia. Em 1961, Ivan é chamado a Itália, onde durante seis meses se dedica em exclusivo à empresa italiana. Com ele vai Diane, os dois filhos que já tinham, o tal rapaz e a sua mulher. Quando todos regressam, no verão seguinte, montam um laboratório de produção, desta vez numa cave, na Lapa, e os dois húngaros saem da sociedade, levando no bolso mais do dobro daquilo que haviam investido. AS JOIAS, OS JAPONESES E O 25 DE ABRIL A cave da Travessa do Ferreiro coincide com a decisão de produzirem matéria-prima para a indústria farmacêutica e o objetivo de olharem o mundo como mercado. Como tem de ser algo de pequeno volume, por causa da falta de espaço, concentram-se nos corticosteroides, que custam 60/90 dólares o grama. Diane, que já fora mãe de mais dois filhos, gere o dinheiro, assegurando que ele nunca falta ao final do mês para pagar os ordenados aos sete ou oito empregados. Apesar dos seus cuidados, um dia tem de ir à gaveta das joias e empenhá-las. Essa é uma das histórias que conta quando lhe pedem que recorde um pouco da história da Hovione, um exercício que faz com alguma frequência, junto dos novos colaboradores. Logo a seguir, segue-se habitualmente a boa notícia que ouvem, no final dos anos 60, da boca de uns japoneses que lhes batem à porta: querem comprar corticosteroides. No Japão, não fabricam matéria-prima, só formulam; o processo é patenteado e é nisso que estão interessados. A entrada no mercado japonês dá-lhes impulso para construir uma fábrica, em Loures, e avançar para a orla do Pacífico – Austrália, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia.    Em 25 de abril de 1974, a Hovione é ainda uma pequena empresa, com apenas 50 empregados e, como exporta tudo, não é afetada. Ivan, de resto, não deixa que a política entre na fábrica, mas em casa torna-se mais difícil. O filho mais velho, Guy, tem apenas 15 anos, mas já anda metido na política. A época é tão “desaustinante”, recorda Diane, que o casal decide mandar os quatro filhos um ano letivo para Inglaterra. Durante esse período, Diane só passa uma semana por mês em Lisboa. Entre gerir duas casas, os filhos e uma parte da empresa (contabilidade, recursos humanos, correios, bancos), não lhe sobra tempo para se afligir. O tempo, aliás, parece correr. Num ai chega 1978 e a surpresa de ouvir Deng Xiaoping dizer que a China está aberta a negócios, uma oportunidade que a Hovione não deixa escapar. Os Villax estreiam-se a comprar matéria-prima chinesa na feira de Cantão e, um ano mais tarde, têm escritório em Hong Kong. O início da década de 80 traz Macau na mira e Guy, então com 23 anos, a abrir a segunda fábrica da empresa – e a primeira fora de Portugal. Desde arranjar um terreno até tratar da logística, foram catorze meses loucos, numa altura em que o material era importado via Roterdão, sendo descarregado em barcaças que faziam a travessia entre Hong Kong e Macau. Nessa empreitada, Guy Villax tem o apoio de Carlos Costa, um dos muitos portugueses vindos das ex-colónias que Ivan emprega após o 25 de Abril. São pessoas que trazem horizontes mais largos e merecem ser bem recebidas em Portugal como ele fora em 1951. “Orgulho-me disso, mas a verdade é que fomos muito recompensados”, diz hoje Diane. A segunda geração vive de tal forma a empresa que a sua entrada é quase automática. Guy torna-se cedo administrador-delegado, Peter é apontado como o responsável pela entrada da informática na Hovione, Sofia, a única dos quatro filhos com uma formação próxima da do pai (Farmacologia), passa uns anos em Macau, a gerir a qualidade da produção, antes de responder pelo marketing e pela comunicação da empresa, e Miguel, um matemático brilhante, entrou em 2018, para gerir o que aí vem de Inteligência Artificial. WORKSHOPS PARA PREPARAR OS NETOS O advérbio “quase” não está por acaso no parágrafo anterior. Se há coisa em que Diane insiste é que a meritocracia reina na Hovione: “Temos os braços abertos para os membros da família, mas eles devem trazer valor adicionado. Se um Villax tiver prioridade, não conseguimos atrair os melhores.” Aliás, segundo o protocolo familiar aprovado em 2002, nenhum neto pode candidatar-se a um lugar se não falar três línguas e tiver uma licenciatura. A Hovione é uma empresa familiar, gerida profissionalmente – na administração não encontramos apenas o apelido Villax. E a ideia é assim continuar no futuro, daí que duas vezes por ano sejam promovidos workshops dirigidos à terceira geração. Dos 16 netos, apenas três ainda são menores; os encontros são, por isso, a sério, sublinha Diane, que também já começou a convidar netos para serem “observadores” nas reuniões da administração. “Um dia serão donos e, por isso, têm de saber se a empresa está a ser bem gerida. E é preciso que saibam que nada cai do céu, esse é o drama dos meninos ricos...” Ela própria sabe que não terá assento vitalício nessas reuniões. “Quando já não acrescentar nada, vou ouvir: ‘Foi ótimo, a mãe durou imenso, but bye bye’”, ri-se. Se nunca se esqueceu do conselho da avó Blanche, Diane também se lembra muitas vezes de ter respondido “quero uma vida completa” quando Ivan lhe perguntou “o que quer da vida”, ao se casarem. “E tive, tive tudo”, diz hoje. “Criámos uma empresa do nada, numa cave, que emprega mundialmente 1 800 pessoas e segue os mesmos princípios, valores e ideais de sempre. Tenho quatro filhos e dezasseis netos e estou no ativo. Ainda este fim de semana, estive a estudar os resultados… Não sabia o que era uma vida completa, mas agora, olhando para trás, sei que tive. Queria chegar ao fim da vida e pensar. ‘Valeu a pena. Deixei alguma coisa para o futuro da família, da sociedade’.” Rosa Ruela, Jornalista   Leia o artigo em Visão  

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A história da portuguesa que "nunca se esqueceu do conselho da avó" e criou um império numa cave na Lapa

May 25, 2019

Nascida Diane de Lancastre Houssemayne du Boulay, em Lisboa, a 4 de janeiro de 1935, durante as primeiras décadas de vida da Hovione foi ela a metade administrativa do negócio acompanhando o marido em viagens pelo mundo, visitando clientes e, fornecedores ou, mais tarde, em busca da localização perfeita para mais uma fábrica. Mantém as suas responsabilidades no Conselho de Administração da empresa, mas continua também a aproveitar para viajar pelo mundo, por lazer e em trabalho, também  para aprender, inscrevendo-se em cursos intensivos em escolas de gestão como o INSEAD ou o IMD. Diane Villax permanece a guardiã da história da Hovione, que partilhou connosco.  Maria José Amich: A Hoviove nasce em 1959 mas só uma década depois inaugura a fábrica de Loures. Como começou tudo?  Em 1959, estava eu casada havia um ano com o Ivan Villax, quando nos aparecem dois húngaros conhecidos dele, Horthy e Onody (daí o nome Hovione), que já tinham ligações com o estrangeiro, especificamente com uma empresa italiana que produzia antibióticos. Esta não podia desenvolver o seu negócio exportando pois não detinha a necessária propriedade intelectual. O meu marido, que na altura trabalhava para o Instituto Pasteur, já tinha conhecimentos e várias patentes sobre a matéria. Achou-se que havia um bom encaixe e formou-se a sociedade Hovione, em abril de 59. Em 62, quando os outros dois sócios resolveram saír para encontrar outros desafios, ficámos os dois sozinhos e logo tomámos a decisão de levar a Empresa para a frente. Iríamos produzir, vender e exportar para o mundo inteiro matéria-prima para a indústria farmacêutica, especificamente corticosteróides, um segmento de mercado de produtos de alto valor e pequeno volume. Como na altura, os recursos eram limitados, instalamos o laboratório em nossa casa e daí a vantagem do sector escolhido pois não tínhamos espaço na nossa cave para produzir grandes quantidades. Procuraríamos sempre produtos de grande complexidade e inovadores, onde a qualidade fosse um valor fundamental para nos diferenciarmos dos outros e estabelecer uma marca reconhecida pelo mundo fora. O Ivan era o criativo, o inventor, o produtor e vendedor. E eu fiquei com a parte administrativa: faturação, exportações, bancos… MJA: E a parte estratégica, de gestão do negócio? De início, como o meu marido tinha um contrato muito favorável com o Instituto Pasteur, que determinava que as patentes de invenção dele, quando elaboradas no Instituto, eram pedidas em nome do Instituto Pasteur e de Ivan Villax, ficando pertence exclusivo do dito Instituto em Portugal e no Ultramar Portuguès, enquanto que no resto do Mundo os direitos revertiam a Ivan Villax no caso de não terem sido explorados pelo Instituto Pasteur no prazo de 6 meses. Em 1960 haviam empresários húngaros interessados na sua exploração em Espanha e Itália, depois na Grécia e Suíça e, fabricado na nossa cave em Portugal, exportávamos o produto activo. MJA: Porque decidiram produzir e não apenas vender a patente? Porque a patente era muito valiosa, valia muito mais do que vendendo-a.    Em meados dos anos 60, apareceram à nossa porta japoneses interessados na compra da nossa gama de corticosteroids. No Japão ainda não se fabricava a matéria-prima para a indústria farmacêutica, só se formulava. O meu marido tinha patentes de processo independentes sobre estas moléculas. Começámos a exportar para o Japão a partir de 66 ou 67. Seguiram-se Taiwan, a Coreia do Sul, Austrália e quase todo a orla do Pacífico.  Em 69 já tínhamos o dinheiro e o crédito necessários para construir de raíz uma unidade fabril em Loures, onde tínhamos terrenos. Começou-se a laborar a partir do final de 70. Eu fiquei com o escritório na minha casa, com toda a parte financeira.  Em 1978 visitámos a República Popular da China pela primeira vez, indo à feira de Cantão  para procurar matérias primas para a nossa indústria. A visita foi bem sucedida e ainda hoje achamos nesse país a nossa fonte de matérias-primas. Em 1979 fundámos um escritório em Hong Kong pois precisávamos de colaboradores falando chinês que pudessem visitar as fábricas nossas fornecedoras. Em 1982 foi o nosso grande lançamento nos Estados Unidos.  Ainda hoje o nosso maior mercado. Devido à situação política ainda pouco estável em Portugal naquela altura, alguns clientes norte americanos e japoneses aconselharam-nos a ter uma segunda fonte de produção para além de Portugal. Pouco depois, o meu marido foi a Macau, e por sugestão de Ho Yin, um banqueiro com ligações políticas muito fortes na China, decidiu construir a fábrica em Macau, que inaugurámos em abril de 1987.  MJA: Isso foi um salto muito importante? Foi. Enquanto a nossa aprendizagem aqui em Portugal foi empírica – fomos aprendendo à medida que íamos crescendo – o meu filho, Guy, ainda muito jovem construiu e instalou a fábrica de Macau com alicerces firmes e olhando para o futuro. Os nossos colaboradores em Macau vestem a camisola como ninguém.  MJA: O negócio vai crescendo e, a partir de certa altura começam a realizar aquisições de unidades fabris, como em Cork, Irlanda, e também na China... Sim. De facto, adquirimos a fábrica da Pfizer em Cork, em 2009. Com a Hisyn, na China, entrámos num joint-venture, era uma empresa fornecedora  de matéria-prima para um dos produtos que fabricávamos em Portugal. Após 10 anos de laboração, chegámos à conclusão que o produto lá fabricado não entrava no ideal do nosso core business e a empresa foi vendida.  Ainda em meados dos anos 90, o Guy, sempre atento ao mercado, apercebeu-se de um negócio interessante. As pequenas biotechs com muita matéria cinzenta estavam a descobrir moléculas interessantes mas faltavam-lhes as necessárias instalações para proceder ao longo processo de desenvolvimento – de 5 a 10 anos – até chegar à aprovação da entidade reguadora e lançamento no mercado. Em paralelo, as grandes pharmas davam a entender que também estavam mais viradas para a investigação pura e distribuição final no mercado do que no longo processo de desenvolvimento. Estavam à procura da chamadas CMO, ou contract manufacturing organizations, e nós achamos que seria um bom encaixe para a Hovione. Este segmento do negócio, chamado Serviços, tem maior risco, pois a qualquer minuto o cliente pode decidir que não lhe interessa continuar com o seu desenvolvimento, mas envolve muito conhecimento científico, portanto de alto valor. Juntamente com a venda dos Produtos – são dois segmentos que se completam e equilibram-se bem. Como mais de 50% das nossas vendas iam para os Estados Unidos, resolvemos instalar uma fábrica pequena em New Jersey, em 2001. No ano seguinte, começámos a laborar com 45 pessoas apenas.  Cristina Correia: Que fatores acredita que vos fazem destacar hoje, perante a vossa concorrência? O serviço que tentamos dar, melhor do que os outros, atendendo os nossos clientes de uma maneira muito eficiente. A qualidade e atenção, a resposta rápida, a entrega a tempo e horas é muito mais importante do que o preço. É isso que os nossos clientes valorizam mais e o que tentamos incutir em todos os que trabalham na Hovione. Tentamos fazer-lhes compreender que todos são um elo indispensável na cadeia que forma o sucesso da Empresa. CC: É fácil construir essa cultura empresarial nos 8 países em que estão presentes? Não é muito fácil, mas nós fazemos uma rotação dos recursos humanos constante com o  objetivo de espalhar a cultura de Empresa. Em Macau estamos há mais de 30 anos e a cultura está muito enraizada. Nos outros países vamos trabalhando o assunto e graças à constante rotação dos nossos colaboradores vamos încultindo a cultura nos trêscontinentes onde trabalhamos.   CC: Qual foi a primeira grande lição que aprenderam enquanto empreendedores? Que tinha que se trabalhar muito. Há obstáculos que existem em Portugal, a burocracia, que tanto empata quem quer investir. Tudo é mais fácil no estrangeiro – há regras, são para cumprir mas depois tudo funciona rapidamente. Tivemos muita sorte no nosso timing, foi perfeito. Em 1960 estava tudo por fazer. Lembro-me de lidar com os bancos, pedir linhas de crédito e depois lia com muito cuidado as letras pequeninas dos contratos, riscando certos pormenores com que não concordava. Eu era muito minuciosa, sobretudo com o controlo de dinheiro. Geri as finanças até princípios dos anos 90 e durante esse período não houve cheque que saísse da Hovione que não tivesse sido assinado por mim. CC: Numa altura em que poucas mulheres estavam à frente de negócios em Portugal, como era para si lidar com um meio e um mercado quase exclusivamente masculino? Não tinha que lidar muito com isso, porque eu representava o backoffice. Não saia muito e estava quase o dia todo à secretária. Eu tinha que executar e mandar, mas estava na retaguarda. CC: Quando se dá, então, para si o grande salto para a linha da frente dos negócios? Quando o meu marido morreu, em 2003. Ele era genial e além de continuar a inventar, patentear e a trabalhar no laboratório, também era um grande vendedor,ia aos Estados Unidos e Japão falar com os clientes e, como sabia profundamente do que falava, convencia todos. E quando morreu, em 2003, o Guy,  já CEO desde 1997 e depois duma transição que não deve ter sido fácil, tomou o leme. De uma pequena companhia familiar fez uma empresa internacional, de uma forma muito profissional. Uma das primeiras ações tomadas foi de estabelecer um Board da empresa detentora das subsidiárias todas, composto por ele, por mim e por três membros externos e independentes. Foi assim até há pouco tempo. Hoje, o board é maior e ainda mais profissional; sou founder chairman mas há um chairman of the board com qualificações para tal. A partir de 2003 tive que começar a falar em público nunca o tendo feito. Tive que me reinventar. Nas reuniões do board, como fundadora, insistia na manutenção dos nossos valores e ideais iniciais e era eu que tinha que insistir para que isso se mantivesse e fosse posto por escrito. Enquanto chairman da comissão de governance e ética, compete-me supervisionar que se mantém a conduta ética, bem como a questão ambiental, pela qual o meu marido teve muita preocupação desde sempre.  CC: Também começaram cedo a interessar-se pela questão da responsabilidade social das empresas. Que iniciativas destacaria, ao longo da vossa história? Fazemos mecenato há muitos anos, em redor de nós. Quisemos sempre ser muito específicos, escolhendo escolas, universidades que precisassem de ajuda técnica e financeira e que nos pudessem depois fornecer engenheiros, físicos e matemáticos. Apoiámos, recentemente, a construção da Nova School of Business & Economics e temos muitas parcerias com outras universidades. Há dois anos iniciámos o projeto “9ºW” (que é a latitude de Lisboa), ao qual atribuímos 5 milhões de euros em três anos para que universidades portuguesas aceitassem entrar em parcerias com a Hovione, estudando questões que nos interessavam. De momento o ISEL, com um laboratório inteiramente equipado por nós está a preparar analistas de bancada que necessitamos em grande número. Temos também um programa global em parceria com instituições como a FCT da Nova, o Instituto Superior Técnico, as universidades do Porto, Minho e Aveiro. Todas se interessam por projectos desafiantes vindos do setor privado.  CC: A Hovione também aposta no recrutamento de talento recém-formado em ciências. Como está Portugal, nessa matéria, e que políticas têm para captar e reter esse talento? Os jovens formados em Portugal nesta área são do melhor que há! Inovadores, ambiciosos, assíduos, conhecedores e empreendedores. Temos um ótimo grupo de jovens cientistas. E temos ainda um programa muito interessante, com vários estudantes a prepararem as suas teses de doutoramento na Hovione. Sente-se que a nova geração quer, de facto, novas experiências profissionais. Nos últimos 3 ou 4 anos recrutámos cerca de 400 pessoas — hoje, em Portugal, empregamos cerca de 1100. Acredito que estamos a fazer algo certo, pois vejo que os nossos jovens investigadores se sentem desafiados. Mas obviamente a Hovione não é só constituída por investigadores. Em todos os sectores há talento, vontade de progredir e inovar. Temos planos muito determinados para reter talento. MJA: Fala muito dos seus filhos e neste momento a Hovione tem uma gestão profissionalizada. Mas como é que uma empresa familiar escolhe um sucessor, o profissionaliza e, ao mesmo tempo, prepara uma terceira geração de líderes? Tenho umas ideias, talvez até um pouco radicais, relativamente a essa questão. A terceira geração – são 16 – vão ser todos donos. Por isso, têm que conhecer bem a empresa que lhes há de pertencer e saber se quem a está a gerir o faz da melhor maneira. Alguns serão administradores e farão parte do board of directors. De acordo com os estatutos, estarão sempre em minoria. Estabelecemos regras bastante claras de como ingressar na empresa — os membros da família interessados nisso terão sempre que trazer valor adicional à Hovione, porque a concorrência é hoje, muito grande. Oferecemos aos membros da família internatos de três anos, depois de acabarem o mestrado. Há também uma obrigação de trabalharem fora para entrar na Hovione, trazendo conhecimentos, experiência e inovação. Numa empresa familiar há sempre um certo risco de implosão. O CEO será sempre a pessoa mais bem qualificada para levar a Empresa para a frente.   MJA: É algo que a preocupa? Na minha cabeça esta questão é bastante clara. Tem de ser a melhor pessoa para o cargo. Havendo na família, melhor, senão virá um profissional até haver um familiar com as qualificações, personalidade e força suficiente. A Empresa tem hoje uma certa dimensão, por isso o CEO tem de ser alguém com experiência e capacidade. CC: Mas há também a questão de incutir o amor pela empresa e a vontade de dar seguimento ao projeto familiar. Isso consegue-se facilmente nos filhos e netos? Isso fazemos, temos eventos bianuais e workshops familiares nesse sentido. Os meus filhos não ouviram falar de outra coisa durante a vida senão da Hovione. Quanto aos netos, alguns estão mesmo muito interessados e na generalidade todos têm ânsia de saber cada vez mais sobre a Empresa.  CC: De todas as suas conquistas na Hovione, de qual se orgulha mais?  De ter atingido o 60º aniversário da Hovione e de ainda estar no ativo, de ter uma empresa conhecida mundialmente e reconhecida pela sua excelência. Eu tenho tido uma vida muito completa.  MJA: Se tivesse que caracterizar-se a si própria, como se identificaria? Parece-me ser uma lifelong learner... Sim, sim!  Recentemente, fui com a minha filha Sofia ao IMD, em Lausanne, fazer um curso intensivo de cinco dias para high performing boards e, há dois anos, fomos ao INSEAD para uma coisa muito engraçada, sobre gerações de empresas familiares — fui eu, a minha filha e mais quatro dos meus netos, com 32, 29, 27 e 25 anos. Estavam lá mais quatro famílias, mas todas apenas com duas gerações presentes. Nunca tinha aparecido uma família abrangendo três gerações. Sou da opinião que cada vez que aprendemos algo novo percebemos que há tanto que ainda desconhecemos. MJA: Que conselho de gestão deixaria a uma mulher empreendedora? Acho que é muito importante ser uma pessoa organizada. Penso que temos que ser pragmáticas, sabermos quais as nossas limitações. Estar focada e ser muito conhecedora do que está a fazer é muito importante. É essencial rodearmo-nos de colaboradores muito competentes para podermos delegar as responsabilidades, sobretudo quando se chega a uma determinada dimensão. E, dentro do possível tentar saber quais os "zun-zuns" que vão circulando. Com 10 ou 50 empregados isso é fácil, mas com mais de mil é muito difícil. Na minha posição, isso não é muito fácil — e nem deveria, depois dizem-me que é micromanagement. Mas assuntos humanos tocam-me muito e há pessoas com 30 anos de casa que eu conheço bem. Gosto muito de me fazer parte do grupo e de conhecer muitos pessoalmente.  CC: Que metas têm estabelecidas para o futuro? Em 2008 decidimos que, em 2028, queríamos ser reconhecidos como empresa líder em soluções inovadoras e integradas para a indústria farmacêutica mundial. O nosso lema é "In it for life", o que quer dizer que estamos cá para durar e para dar saúde a quem dela precisa. Acho que é um ótimo tagline. O importante é focarmo-nos, termos o nosso nicho, expandirmo-nos e sermos excelentes no que fazemos para que os clientes voltem.  Sendo uma empresa familiar podemos fazer planos a longo prazo, sempre difícil para empresas cotadas em Bolsa. E as empresas farmacêuticas precisam mesmo de fazer planos a longo prazo porque são precisos muitos anos de desenvolvimento entre a descoberta de uma molécula e a sua comercialização. Leia a entrevista no website womenwinwin.com  

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Celebramos o SUCESSO: Diane Villax: Chairman Founder Hovione

Feb 01, 2019

Portugal é o 15º país da União Europeia, e o 29º do mundo, cuja agência do medicamento foi reconhecida pela sua contraparte norte-americana como tendo demonstrado integridade e competência.   Escrevo para felicitar a Instituição que V. Exa. dirige pelo reconhecimento das autoridades americanas, comunicado no passado dia 14 deste mês. Portugal é o 15º país da União Europeia, e o 29º do mundo, cuja agência do medicamento foi reconhecida pela sua contraparte americana como tendo demonstrado integridade e competência para que os seus relatórios de inspeção sejam considerados equivalentes aos das suas próprias ações de supervisão. Somos das indústrias mais globalizadas, a nossa cadeia de fornecimento é das mais fragmentadas e internacional, pelo que uma supervisão robusta efetuada por um regulador forte é um imperativo desejado pelas melhores empresas. O risco de um medicamento mal feito é inaceitável, e qualquer vácuo de supervisão é rapidamente preenchido por medicamentos falsificados. O regulador é chave na definição da qualidade mínima e é o garante da concorrência leal. O reconhecimento americano é o culminar de mais de dez anos de árduo trabalho das equipas do Infarmed, dos seus presidentes, da Direcção e coordenação da Agência Europeia do Medicamento e de muitas inspeções conjuntas realizadas pelos nossos inspetores com os dos restantes Estados Membros e dos EUA.  Poucos em Portugal sabem, e menos reconhecem, o esforço necessário a nível de aumento de competências técnicas e de mudança de cultura na sua organização para conseguir alinhamento Europeu e reconhecimento pelo Food and Drug Administration (FDA). Administrador Delegado Hovione Leia a notícia no website do Observador.

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Carta aberta à presidente do Infarmed

Sep 26, 2018

Imagine um mundo onde as empresas não estão apenas interessadas em fazer lucro a todo o custo. Imagine um mundo onde as empresas estão empenhadas em gerar riqueza para todos, incluindo a comunidade em que se inserem. Imagine, também, um mundo onde as empresas não só têm consciência de que os recursos do planeta são limitados, como trabalham para que a economia moderna seja sustentável. Dito assim, até parece que estamos a falar de uma utopia inalcançável, uma fábula realizada apenas através de um guião de Hollywood. Mas a verdade é que estas empresas existem e não são apenas pequenas corporações feitas por um punhado de sonhadores que vê o meio ambiente (e também os seus funcionários) como uma prioridade. Há grandes multinacionais como a Danone a passar para o lado de lá, para o lado de quem prioriza os mais altos standards de desempenho ambiental e social.     “A Hovione decidiu aderir ao movimento B por rever aqui os seus valores e assim poder aprofundar mais a sua aplicação prática. Sempre fez parte do ADN da Hovione desenvolver o negócio tendo em atenção as pessoas e o ambiente, e encontrámos neste movimento o alinhamento perfeito para reforçar essa mensagem e divulgá-la no mundo inteiro. A Hovione tem quase 60 anos e desde sempre se preocupou com as pessoas que nela trabalham e com o bem-estar das suas famílias, desde oferecendo pão, leite e água até investindo em cantinas onde as refeições são confecionadas no local. A preocupação com o ambiente que nos envolve levou a que, na década de ‘90, a Hovione investisse na construção de uma fábrica exclusivamente dedicada à recuperação e reciclagem dos solventes que utiliza nos seus processos de fabrico. Também a comunidade local em todos os locais onde operamos recebeu sempre uma atenção particular, contribuindo para o seu bem-estar e para o seu desenvolvimento. O sistema B torna-se bastante forte e presente na medida em que proporciona às organizações uma ferramenta de divulgação da sua forma de estar, promovendo um alinhamento com os melhores exemplos e evidenciando que é possível fazer negócios contribuindo para um mundo melhor.” Maria José Macedo, Directora para a Sustentabilidade, Hovione Leia o artigo completo  

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Empresas B Corp: Olhar para o planeta e para as pessoas com respeito

Aug 10, 2018

A farmacêutica criou um programa para formar os analistas químicos que não consegue contratar. A indústria farmacêutica vive o seu momento mais dinâmico desde o pico da crise em matéria de contratações, apesar das restrições que se mantêm na aprovação de inovação. Mas o recrutamento no sector tem várias velocidades. E se nas áreas de acesso ao mercado encontrar profissionais não é um problema — retê-los, sim! —, nos departamentos de Investigação & Desenvolvimento (I&D) o cenário é outro. Depois uma longa batalha para conseguir recrutar no mercado nacional analistas químicos em número suficiente e com a formação técnica e a experiência necessárias à função, a farmacêutica Hovione decidiu formá-los. No ano passado criou o Programa 9ºW, em parceria com um consórcio de instituições de ensino liderado pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), e investirá nos próximos dois anos €5 milhões para formar todos os analistas químicos de que necessita. É difícil encontrar nas farmacêuticas com atividade em Portugal quem admita dificuldades de contratação. Contactadas pelo Expresso, Bayer, Novartis, Roche, Pfizer e Sanofi recusam problemas em atrair talento, embora algumas reconheçam que retê-lo já é um desafio. Mas Pedro Borges Caroço, diretor executivo da unidade de negócio de Saúde e Ciências da Vida da consultora de recrutamento Michael Page, diz que há dificuldades, não atingem é todas as empresas na mesma medida. A maior parte das farmacêuticas não possuem centros de I&D nem unidades de produção em Portugal. E é exatamente nesta área que residem os maiores problemas de contratação no sector, segundo o especialista. “Nas áreas de acesso ao mercado, de contacto da farmacêutica com os clientes, as dificuldades decorrem da elevada dinâmica da procura e da cada vez maior especialização dos perfis procurados”, explica (ver caixa). Ou seja, não há propriamente falta de profissionais qualificados, há é uma elevada taxa de rotação entre as empresas que coloca desafios no campo da retenção de talento. Já na I&D, há muitas vezes escassez de talento no mercado nacional. Empresas com centros de investigação e unidades de produção em Portugal têm de formar os seus próprios profissionais ou contratar fora. Pedro Borges Caroço dá o exemplo da Hovione e da Bial. O problema não é a falta de competências técnicas. É a dificuldade de encontrar perfis disponíveis que combinem a técnica com a experiência necessária à função. CONTRATAÇÕES DIFÍCEIS Foi este desafio que obrigou a Hovione a criar o Programa 9ºW e a financiar a construção no ISEL do PharmaLab, um laboratório de química analítica que permite formar os analistas químicos de que a empresa necessita. “Nos últimos anos percebemos que recrutar perfis nesta área é mais difícil do que noutras, e esta é uma área vital”, explica Sónia Amaral, responsável pela implementação do programa na Hovione. “Os analistas são profissionais com o 12º ano de escolaridade e formação em técnicas laboratoriais de química analítica que são responsáveis pela execução de trabalhos práticos em ambiente de desenvolvimento e controle de qualidade”, explica, reforçando que o seu papel em laboratório é vital. Na primeira edição, o 9ºW formou 12 analistas químicos. Estão previstas mais seis edições até 2020. O curso dura um semestre e cada formando recebe uma bolsa de €1000, atribuída pela empresa. “O objetivo é que estes integrem a empresa numa lógica de continuidade e crescimento na carreira de analista químico”, que tem, garante, elevada empregabilidade. A estratégia da Hovione de chamar a si a qualificação dos profissionais que lhe faltam é comum à Bial. José Carlos Ferreira, diretor do departamento de Recursos Humanos da empresa, confirma a necessidade da Bial em recrutar quadros altamente qualificados e especializados em áreas como a investigação química, farmacológica, clínica e farmacêutica e reconhece dificuldade em encontrá-los. “A oferta de investigadores nestas áreas em Portugal ainda é reduzida”, reconhece, acrescentando que “não há muitas empresas a fazer investigação farmacêutica inovadora em Portugal, e, nesse caso, é mais difícil atrair candidatos”. A empresa tem conseguido, mas nem sempre em Portugal. Leia o artigo no Expresso  

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Hovione investe €5 milhões no talento

Jun 09, 2018

Todos os dias de manhã oiço um maravilhoso “Bom dia! Tudo bem?” dito em português, pelo segurança de nacionalidade nepalesa que trabalha na receção da Hovione. Depois de responder em português e em cantonês, passo o cartão eletrónico e dirijo-me ao balneário feminino para me equipar com o fato- macaco, botas de biqueira de aço, capacete e óculos - o designado Equipamento de Proteção Individual – tal como manda a tradição de uma Engenheira Química num Departamento da Produção.   Às 8h05, na sala de controlo, há uma reunião de cinco a dez minutos com os operadores dos turnos, o anterior e o seguinte, onde o chefe de turno do primeiro apresenta o trabalho realizado nas diferentes linhas de produção, bem como eventuais problemas nos equipamentos dos colegas do próximo turno.   Às 8h15, no escritório da Produção, tenho outra reunião de dez a quinze minutos, onde todos os engenheiros químicos responsáveis pelas linhas de Produção e os supervisores tomam a palavra e referem os assuntos mais importantes do dia e da semana. Ambas as reuniões são em inglês.   Após as reuniões, sigo para a linha de produção que estou a acompanhar nessa semana. Lá, leio o procedimento da linha, pergunto ao operador algumas questões referentes ao processo e como ele executa os diferentes passos. As operações na produção podem ser muito variadas, desde o carregamento de matérias-primas ao reator, abrir e fechar válvulas, bombear líquidos, ao empacotar o produto final.   A imagem seguinte retrata o Equipamento de Proteção Individual (EPI) que um trabalhador deve usar aquando de operações que requerem cuidados especiais, tais como a recolha de amostras de matérias-primas sólidas, peneiração de produto final, empacotamento...   Figura 1 - Imagem ilustrativa do EPI usado numa amostragem de matérias-primas sólidas. É importante referir que o clima em Macau é extremamente húmido e quente, o que dificulta imenso o trabalho numa fábrica com os equipamentos a funcionarem a temperaturas altas ou este género de operações que requerem EPI extras.   Às 10h00, na cantina, servem o pequeno-almoço, que dura cerca de quinze minutos. A seguir, volto para a linha de produção onde estava anteriormente. Uma vez que os trabalhadores da Hovione são de diferentes nacionalidades (macaense, chinesa, portuguesa, nepalesa, indonésia, filipina, indiana, malaia) por vezes a comunicação e a interação são um desafio.   Aqui, é notável a mistura de culturas, as várias línguas faladas, os diferentes modos de pensar que se fazem sentir. Estas diferenças são notadas em vários aspetos - na maneira de trabalhar, na postura adotada, no relacionamento interpessoal, por fim, no ambiente da fábrica.   Alguns dos operadores das linhas de produção só falam mandarim ou macaense e, nesses casos, o que sobressai é a vontade, ou a sua ausência, do operador em querer explicar o processo, através de desenhos ou por gestos.   Entre as 12h30 e as 14h30, a Hovione disponibiliza o almoço, na cantina. Dentro deste intervalo, tenho 1 hora para fazer a refeição. Para o almoço é necessário trocar o EPI pela minha própria roupa. Muitas vezes, após o almoço, vou ao exterior tomar um café. Os portugueses são praticamente os únicos a ter este hábito.   Da parte da tarde, volto a seguir a linha de produção que estava a acompanhar de manhã. Às 15h05 realiza-se de novo a reunião de passagem de turno entre os operadores e às 15h15, a reunião com os engenheiros químicos e supervisores.   Ao longo do dia vou muitas vezes à sala de controlo para saber o que se passa na fábrica, bem como para utilizar o computador e esclarecer eventuais dúvidas que surjam acerca do processo que estou a seguir.   Uma vez por semana tenho uma reunião, que pode durar entre 30 a 60 minutos, com a minha mentora, Ex Inov de 2016, onde exponho o trabalho realizado e algumas dúvidas que tenha e, onde ela me dá indicações acerca do trabalho a realizar na semana seguinte.   Às 17h00, dirijo-me para o balneário para trocar pela última vez de roupa.   Por fim, quando saio da Hovione, o segurança nepalês despede-se com um sorriso na cara, dizendo “Até amanhã!”.   Ler notícia original 

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Quotidiano de uma Engenheira Química na Hovione

Feb 02, 2018

Despesas com investigação e desenvolvimento foram 1,27% do valor do PIB em 2016. Empresas valem quase metade do dinheiro investido no sector. Portugal investiu, no ano passado, 2348 milhões de euros em investigação e desenvolvimento (I&D), relevam os dados provisórios do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional de 2016, que foram publicados, esta segunda-feira, pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). Este valor representa 1,27% do produto interno bruto (PIB) de 2016 e significa que, pela primeira vez desde 2010, o país aumenta as despesas com o sector relativamente ao ano anterior. Os 1,27% do PIB investidos em I&D em 2016 significam um aumento ligeiro face ao valor verificado ano anterior (mais 0,03 pontos percentuais). Este crescimento é, ainda assim, suficiente para pôr um ponto final no ciclo de queda que se verificava desde 2010. "Conseguimos finalmente inverter a tendência de decréscimo da despesa pública e privada", valoriza ao PÚBLICO o ministro da Ciência, Manuel Heitor. Na lista dos principais investidores empresariais em I&D seguem-se a farmacêutica Hovione (cujo total de investimento não foi divulgado pela DGEEC, por falta de autorização da empresa), o grupo BCP (quase 32 milhões de euros) e a farmacêutica Bial, que apesar de ter diminuído o seu investimento gradualmente nos últimos seis anos, em 2016 gastou 29,4 milhões de euros em investigação. A Bial é também a empresa com o maior número de investigadores doutorados contratados, com 29. A fechar o “top 5” está a empresa tecnológica Coriant Portugal, que teve, no último ano, despesas de 20,34 milhões de euros com investigação.   Leia o artigo   PCTN16: Empresas com mais despesa em I&D

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Portugal volta a aumentar investimento em ciência depois de seis anos de quebra

Aug 21, 2017

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